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A VITÓRIA DA FLOR





Era uma vez um Rei e uma Rainha que queriam muito ter uma filhinha. Eles prometeram aos Anjinhos da Guarda do Papai do Céu que se permitissem essa bênção, ela seria chamada de Vitória.
Os Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Céu, então, ficaram espantados com aquele nome tão forte e maravilhoso, que provocava verdadeiros arrepios de uma boa emoção em todos os habitantes do Céu, e foi aí que decidiram que esse Rei e essa Rainha mereciam uma boa surpresa.
A Dona Anja-mãe Sophie-de-Todas-as-Coisas tinha um lindo jardim semeado e regado dia a dia por ela mesma, e foi daí que os Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Céu retiraram a surpresa que iriam dar ao Rei e à Rainha.
Sophie-de-todas-as-Coisas regava todas as plantinhas de seu jardim com todo o amor e sabedoria do mundo, educando-as e deixando-as lindas no verão para que fossem altamente admiradas por sua graça juvenil no outono. Mas, então, chegava o inverno e todas as plantinhas adoeciam e ficavam velhas, algumas até morriam de tristeza com o frio de suas almas já cansadas de viver.
Quando os Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Céu contaram sua idéia para a Anja-mãe Sophie-de-Todas-as-Coisas, ela com toda serenidade consentiu em ajudá-los. A princesa daquele Rei e daquela Rainha ia sair de seu jardim de flores e a Anja-mãe iria cuidar pessoalmente do assunto. Naquele ano, então, ela semeou as flores mais belas e resistentes que já havia conhecido.
Era verão de Janeiro quando a Anja-mãe as ensinava a dar os seus primeiros ares-da-graça, seus primeiros sorrisos. Quando findou o verão, as flores já eram verdadeiras delicadezas em educação e graciosidade. Pois que chegou o outono e a Anja-mãe ensinou, pela primeira vez a elas, como envolver o mundo através de seu perfume encantado.
Os Anjinhos da Guada-Oficial-do-Céu estavam muito felizes, se a princesinha daqueles bondosos reis saísse daquele jardim, ela seria, sem sombra de dúvidas, a princesa mais bondosa, admirada, feliz e bela dos reinos de seu mundo.
Mas a Anja-mãe estava preocupada... O inverno estava chegando e as previsões que as Donas-nuvens trouxeram para ela não eram nada boas: o inverno daquele ano seria muito mais rigoroso que o dos outros anos, as dificuldades estavam aumentando. Lá na terra, os humanos estavam só piorando o aquecimento global e, por isso, não viria só o frio, mas também as tempestades, que de tão fortes, atingiriam até o Céu.
A Anja-mãe sabia que estava regando as flores mais fortes que ela já havia regado, mas sabia também que as Donas-nuvens eram senhoras muito finas e que não ficariam com aquela cor vermelha se não estivessem muito bravas mesmo com os seres humanos. Por isso, elas estavam alertando para um perigo real e a Anja-mãe sabia que poucas de suas flores poderiam sobreviver àquilo.
Eis que o inverno chegou de repente, arrasando toda a Terra e o Céu. Foi tão terrível que até mesmo o Sol teve que se esconder por um tempo, iniciando, em todas as estâncias possíveis de reinos, o que os humanos queriam acreditar que fosse uma nova Era, a tão temida Era do Gelo.
No Céu, todos os Anjinhos da Guarda-Oficial tiveram muito trabalho, pois a situação era tão grave, que eles deveriam descer à Terra para ajudar os humanos a não serem exterminados pelas tempestades horríveis e pelas temperaturas baixíssimas. Todos estavam ficando sem seus reinos...
Mas a Anja-mãe Sophie-de-Todas-as-Coisas não quis se afastar de seu jardim, com tanto amor cultivado, quis ficar ali e ajudar as suas florzinhas a sobreviverem. Mas, infelizmente, a Anja-mãe não conseguia proteger tantas flores ao mesmo tempo. A fúria da Mãe-Natureza era grande demais.
Passaram-se quarenta dias e quarenta noites de muita nevasca, quando para surpresa de alguns céticos e meteorologistas, as tempestades cessaram. Mas o frio continuava intenso e a Anja-mãe já não tinha mais forças, por isso, num momento de agonia, desmaiou em cima de seu jardim, destruindo, assim, as flores que ainda restavam. Todos ficaram muito tristes no Céu: a Anja-mãe não resistira.
Finalmente, os dias mais difíceis daquele inverno estavam chegando ao fim e a população do Céu já estava conseguindo até voltar às suas atividades normais, até o Sol resolveu aparecer e já iluminava a todos novamente. Então, os Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Ceú voltaram felizes lá da Terra tendo cumprido boa parte de sua missão. Mas qual não foi a decepção deles quando receberam a notícia de que Anja-mãe, a Sophie-de-Todas-as-Coisas, estava morta.
Os Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Céu velaram sua Anja-mãe por sete dias inteiros com suas lágrimas de compaixão. No último dia, resolveram tirá-la de cima do jardim e deitá-la em lugar mais perto de Deus, que a partir daí, cuidaria da Anja-mãe para eles. Mas quando levantaram-na, tiveram a maior surpresa de suas vidas: uma flor estava viva!
Com as lágrimas fortificantes dos Anjinhos da Guarda-Oficial-do-Céu, aquela florzinha, que era a mais forte de todas as outras, havia se recuperado e como a Anja-mãe tinha ficado deitada por cima dela, ela foi protegida dos últimos ventos e frio daquele pesadelo todo.
Foi uma felicidade só lá no Céu! Os Anjinhos da Guarda-Oficial amaram aquela flor como se ela fosse um retrato que a Anja-mãe tivesse deixado para seus filhos. Mas eles sabiam que a primavera estava pronta para acontecer, e que com ela, tinham que cumprir sua missão-mor, que era dar de presente uma filhinha aos reis com quem fizeram aquele compromisso tão especial.
E eis que chegou setembro, e com ele, a primavera na maioria dos reinos da Terra e do Céu. E junto com a primavera, também chegava a flor mais bela do reino daquele Rei e daquela Rainha aqui na Terra: nascia a Princesa Vitória! E todos diziam que tinha a beleza de uma flor! Só o que não sabiam é que ela era a Princesa-Flor-da-Vitória, a mais digna do nome que tinha.

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